
Essa porta branca virada para o oceano representava uma resposta simbólica à Porte du Voyage sans Retour (Porta da Viagem sem Regresso), materializando a possibilidade de regresso e de recuperação da dignidade das mulheres, homens e crianças arrancados às suas terras.
A artista desejava que a obra se tornasse o símbolo do regresso das almas há muito tempo exiladas: uma réstia de esperança, um espaço de reconciliação interior e de cura para as pessoas afrodescendentes. Um lugar onde o passado volta para apaziguar as memórias e permitir a reconstrução.
Concebida com parcos meios e materiais efémeros, a obra permaneceu no seu lugar muito mais tempo do que estava previsto. Hoje, é necessário reconstruí-la devido às marcas do tempo e das intempéries.
Ao longo dos seus encontros na ilha, a artista plástica mediu a amplitude do apego dos seus habitantes à Porta do Regresso. O seu impacto simbólico, bem como o lugar que a obra ocupa no seu quotidiano, contribuíram para reforçar a vontade de reconstruir da artista a fim de oferecer uma presença duradoura e definitiva à paisagem da Goreia.
É a este percurso simbólico que vos convida o documentário de Alexandre Boutié, apresentado por ocasião da 8ª edição do Gran 20 Déssanm.