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Léocadie, mulher escrava, e Ombline, mulher livre

Um artigo escrito por Christian Galas, genealogista e descendente de Léocadie, e Gilles Gérard, antropólogo e historiador.

A análise da escravatura sob o prisma do género e do estatuto levanta questões sobre as relações entre mulheres escravizadas e mulheres livres.
Este artigo, uma homenagem a Léocadie, ama de Mélanie e filha de Ombline Desbassayns, estabelece um paralelo entre a história e o destino de duas mulheres ao longo de quase meio século.
A primeira, oriunda de uma dinastia servil que remonta aos anos 1690 e de ascendência essencialmente indiana e africana, vem de uma família ao serviço da segunda, verdadeiro símbolo do poder da escravatura.
As suas vidas são marcadas pela infância e, na idade adulta, pelo papel de esposa, mãe e avó. A ligação especial entre estas duas mulheres reside na questão da amamentação e na relação entre as amas de leite negras e as crianças brancas, que envolve os familiares de Léocadie e a maioria dos filhos de Ombline.


Embora a relação estreita entre lactantes e lactentes seja aqui evidente, o mesmo não se pode dizer entre mulheres brancas e mulheres negras.
«Dei Léocadie à Mélanie»: esta afirmação, que aparece em 1807 no primeiro testamento de Ombline, esclarece bem a relação entre estas duas mulheres. Foi «dada» a Mélanie para a servir durante uma longa viagem a uma aldeia da região de Toulouse, um verdadeiro exílio. Aí «morre de exaustão» em 1809, sem voltar a ver os filhos, o marido e a sua ilha natal.
Embora o papel de ama de leite implique uma certa promiscuidade entre as duas mulheres e obrigue Léocadie a estar sempre disponível, o facto de pertencerem ao mesmo género nunca se sobrepõe à diferença de estatuto social.

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