Por esta ocasião, o Portal Esclavage propõe colocar o foco na história da escravatura em Madagáscar, por meio da publicação de três textos-conferências redigidos por investigadores da Universidade de Antananarivo. Estes trabalhos oferecem um prisma essencial dos elos históricos entre os territórios do oceano Índico.
1. O sistema esclavagista em Imerina (Madagáscar) no século XIX
por Lalasoa Jeannot RASOLOARISON, professor no Departamento de História, Universidade de Antananarivo

Este texto propõe uma análise aprofundada da escravatura em Imerina durante o século XIX, que naquela altura era um pilar económico e social do reino Merina. Os escravos, que compunham a maior parte da população, eram empregados nos trabalhos agrícolas, domésticos e comerciais. O seu estatuto – o de «propriedade» – sujeitava-os a controlo rigoroso e a exploração cuja intensidade variava consoante os amos. Abolido em 1896, este sistema garantia, até então, a mão de obra indispensável à manutenção do poder Merina.
2. A escravatura em Madagáscar : Os escravos reais que esquecemos
pela professora Jacqueline RAVELOMANANA, Departamento de História, Universidade de Antananarivo

Este artigo examina a condição dos escravos em Madagáscar a partir do Firaketana. O andevo, «escravo», era o produto do tráfico de seres humanos, de conflitos armados, do nascimento ou de sanções penais. Os escravos do reino, organizados de acordo com uma hierarquia precisa (Manisotra, Tsiarondahy, Manendy), desempenhavam um papel bem mais complexo do que poderia parecer: envolvidos nos trabalhos diários, bem como nas intrigas políticas e por vezes até no exercício do poder, trazem a lume uma dimensão amiúde ignorada da história social malgaxe.
3. Os testemunhos materiais da presença da escravatura em Imerina (Planaltos centrais de Madagáscar) do século XVI a finais do século XVIII
por Marie Robertine RAJOELINORO, responsável pelo Departamento de Antropologia e de Ecologia da Universidade Católica de Madagáscar

O artigo estuda os testemunhos materiais da escravatura (andevo) em Imerina (Planaltos centrais de Madagáscar) do século XVI a finais do século XVIII, analisando as valas defensivas (hadivory), as cercas em terra vermelha (tamboho), os arrozais ordenados e os mercados de escravos, enquanto provas do trabalho servil que sustentavam o poder real e as elites Hova.