A propriedade Desbassayns

História da propriedade

A história da «habitação Desbassayns» (1770-1846)
Autor
Danielle BARRET

Historiadora


A história da «habitação Desbassayns» (1770-1846)

A história da «habitação (propriedade) Desbassayns» nos anos 80 esclarece-nos sobre a ascensão de uma família de colonos já abertos ao mundo, que se tornaram grandes proprietários a viver à grande (os mais ricos plantadores de Bourbon, entre 1780 e 1820), cujo acervo patrimonial facilitou o êxito da geração seguinte. O poder financeiro, o prestígio e as redes adquiridos viriam a influenciar os debates e a trajetória de Bourbon para um conservantismo político e social.

Além disso, ilustra, nas entrelinhas, o silêncio dos escravos que criaram essa riqueza sem qualquer reconhecimento final, a não ser o direito de entrar na Chapelle Pointue. O paternalismo que orientou a gestão da propriedade até 1820 foi de encontro às realidades do incipiente capitalismo açucareiro: não é possível alforriar um meio de produção.
Duas histórias — de glória e silêncio, por um lado; de poder e exploração, por outro — que ainda hoje povoam o inconsciente coletivo dos naturais da Ilha da Reunião.

I- A «habitação Desbassayns», um poder fundiário

I-1 O ponto de partida (1770)

Mapa de concessão – Saint Gilles les hauts. Traçado Pelo Sr. Padre Meesserman, padre de Saint-Gilles-les-hauts. Levantamento feito a 10 de agosto de 1898.
Coleção dos Arquivos departamentais da Reunião

Acabado de chegar da Índia (1762 ), agraciado com a insígnia de Cavaleiro de São Luís pelos seus feitos, Henri-Paulin Panon Desbassayns decide estabelecer-se nas suas terras para as explorar. Tratava-se de uma parte da herança (1753) da avó materna, Thérèse Mollet, viúva Duhal, da antiga concessão Duhal datada de 1698; Henri-Paulin herdou uma terra em St−Paul e duas em St-Leu, num total de 109 hectares .

Henri-Paulin Panon Desbassayns (1732-1800). Pintura.
Coleção Museu Villèle

Quem o aconselhava era Julien Gonneau, apelidado Montbrun, cuja amizade selaria a 28 de maio de 1770 pelo seu casamento com Ombline, acabada de fazer 15 anos, única herdeira de Gonneau-Montbrun. O dote é a herança da mãe, Marie-Thérèse Léger Dessablons, ou seja, dois terrenos de habitação (de 52 ha em St-Gilles e na Grande Ravine) e uma instalação em St-Paul, totalizando mais de 80 ha.

Ombline Panon Desbassayns (1755-1846). Século XIX. Desenho.
Coleção privada

Essa união em 1770, junta, então, uma propriedade já importante, de cerca de 190 ha, mas muito dispersa, de Saint-Paul, cidade, a Saint-Leu, passando por Saint-Gilles, a Saline e a Grande Ravine.

I-2 O desenvolvimento do domínio do casal Desbassayns (1771-1800)

Entre 1770 e 1780, a propriedade conhece um crescimento de 75 %, desde logo, em 1772, graças à herança de Augustin Panon, pai de Henri-Paulin (96 ha em Trois-Bassins), e, depois, em 1776, com um terreno no Bernica (49 ha), vizinho das terras de Gonneau-Montbrun, pai de Ombline. Nessa altura, manifesta-se claramente a estratégia do casamento de Ombline e Henri-Paulin: uma recentragem geográfica das terras nos Hauts de Saint-Paul, em mais de 350 ha.

Num segundo período de 1780 a 1795, o crescimento da propriedade foi mais gradual e realizou-se através de aquisições e adjudicações; a racionalização dessas implantações fez-se por trocas. As atas das adjudicações demonstram a exasperação dos outros concorrentes, incapazes de resistir ao poderio de Desbassayns. Esse crescimento das terras reconstituiu, pouco a pouco, a antiga concessão Duhal de 1698 (à exceção de ¼ dos herdeiros Roux). O recenseamento de 1789 regista o domínio  em 420 ha. Segundo o recenseamento do Quartier Saint-Paul, Henri-Paulin é o habitante mais tributado  seguido de perto por Julien Gonneau-Montbrun.

Uns anos depois, na alvorada do século XIX, mesmo antes da morte de Henri-Paulin, o património da família expandiu-se claramente: chegaria a cerca de 750 ha  ; a propriedade Desbassayns passava a ser a mais vasta da ilha.

I-3 A rotura momentânea (1797-1807)

Muito cioso de garantir os recursos e o património dos seus nove filhos (seis filhos e três filhas ), Henri-Paulin Panon Desbassayns concedeu doações em vida  aos quatro primeiros  sob a forma de terrenos de «habitação» ou ajardinados com cerca de 130 ha.

Após a morte de Henri-Paulin, a 19 vindemiário do ano IX (11 de outubro de 1800), seguiu-se a desintegração do domínio inicial. Metade dos bens da comunidade voltaram para a viúva Desbassayns: a propriedade principal de Saint-Gilles (250 ha) com a casa de família, metade da propriedade da Saline (27 ha/2), um terço de uma propriedade no Bernica (16 ha/3), um terço do terreno de Carosse (14 ha/3), bem como metade de um terreno ajardinado em Etang St-Paul, ou seja, um total de, pelo menos, 270 ha.

A outra metade foi partilhada entre os nove filhos (269 ha), tirando as doações já feitas em vida . A desintegração da propriedade é sol de pouca dura, levando, quando muito, sete anos, aos filhos dos Desbassayns para organizarem as suas vidas e assentarem arraiais.

I-4 A reconstituição e remodelação da propriedade Desbassayns (1807-1846)

A reconstituição da propriedade pela viúva Ombline Desbassayns passou, desde logo, pela compra seletiva de uma parte das terras dos filhos, que delas iam abdicando, para se dedicarem às suas escolhas pessoais . As terras que a Madame Desbassayns comprou de volta representavam metade da herança que passara para os filhos e incluíam as zonas da Saline, do Bernica e, sobretudo de Saint-Gilles e de Etang de St-Paul.

Entretanto, a remodelação do domínio Desbassayns começou a ganhar forma com a herança de Julien Gonneau-Montbrun, falecido a 9 de setembro de 1801, de quem Ombline Desbassayns era a única herdeira, e que incluía, para começar, a propriedade do Bernica, uma instalação em Saint-Paul na Chaussée Royale e os jardins ao redor. Um legado importante em dinheiro concedeu à Madame Desbassayns os meios necessários para reembolsar os filhos. Punha-se em marcha a política de compras seletivas e aplicação dos bens da herança Gonneau-Montbrun na constituição de grandes propriedades emparceladas mais fáceis de cultivar, organizar e controlar, num processo que acarretaria uma dezena de transações imobiliárias (compras, vendas e trocas), entre 1810 e 1845. Em 1845, ano do testamento da Madame Desbassayns, o seu património imobiliário compreende os três conjuntos de St-Gilles, do Bernica e St-Paul  :

Região de St-Gilles: a propriedade principal com casa de pedra (195,5 ha, ou seja, três quartos da antiga concessão Duhal), os terrenos Parny/Lefort (39,7 ha), os terrenos Carosse (86 ha) e Ricquebourg (15,5 ha), o terreno Tourangeau (23,7 ha) e o terreno da Grande Ravine que totalizam cerca de 400 ha, dos quais 277 são facilmente cultiváveis e, de entre os quais, 193 ha, são de alta qualidade;

Casa Desbassayns. Fotografia. In Arquivos nacionais, Acervo Panon-Desbassayns e de Villèle (1689-1973), Genealogia e história das famílias PANON-DESBASSAYNS e de VILLÈLE

Região do Bernica: sete terrenos totalizando 192 ha, dos quais dois «o Bernica» (com casa em pedra) e «Ricquebourg Maunier» perfazem quase metade;

Casa do Bernica. 1940. Fotografia.
Coleção Privada

Região de St-Paul: dois terrenos de instalação de 6000 m2 com casa principal em pedra e quatro terras ajardinadas de 23 ha, cultivadas com cana-de-açúcar.

Casa da Chaussée Royale. Século XX. Fotografia.
Coleção Privada

Este conjunto de terrenos representava 492 ha, aos quais acresciam 190 ha de bosques e 1000 ha de savana, o que perfazia um considerável domínio. Em 1845, deixou de ser a primeira propriedade da ilha e passou a ser uma das dez primeiras. Com efeito, a partir do século XIX, constituíram-se vários grandes domínios no leste e no sul da ilha, em torno da cultura da cana-de-açúcar.

Fig. 1 – Situação do domínio Desbassayns em 1845

II- No coração da «habitação» Desbassayns: a realidade da escravatura

Uma vez ultrapassada a incerteza do início do povoamento de Bourbon, a escravatura foi-se instituindo progressivamente nos dez últimos anos do século XVII  tornando-se regra na exploração agrícola da colónia e seguindo um processo já praticado nas Antilhas desde o século anterior. Legalizada em Bourbon pelos decretos de 1715 e 1718, a escravatura era regida por um Código Negro específico promulgado por édito em dezembro de 1723 . No período estudado (1770-1846), a gestão da colónia voltou para as mãos do rei (1767). Nos finais do século XVIII, a grande questão que o sistema colonial enfrentava era a da abolição da escravatura  : votada pela Convenção, em fevereiro de 1794, e rejeitada pelos proprietários de Bourbon, a abolição seria anulada por Napoleão, que restabeleceria a escravatura em 1802. A secessão de St-Domingue foi vivida com terror; a abolição do tráfico, em 1817, foi, em parte, contornada, contudo seria preciso esperar por 20 de dezembro de 1848, para que Sarda Garriga proclamasse, por fim, a abolição da escravatura a nível local. Falecida em 1846, a Madame Desbassayns não teria vivido nada disso.

II-1 O escravo: uma unidade contada e categorizada

A exploração da propriedade colonial não seria concebível sem o trabalho servil, e a propriedade Desbassayns inscrevia-se nesse quadro.

«Bem móvel» comprado e vendido sem outro interesse a não ser o trabalho, o escravo é seguido a par e passo pela administração. Aliás, cada mutação implica uma taxa. Os recenseamentos individuais anuais dos proprietários — avaliando precisões com o tempo — são, para o historiador, um meio limitado de abordar a realidade dos escravos de Panon Desbassayns, a que se juntam o livro-razão de Henri-Paulin, cartas da família e, por fim, o testamento muito pormenorizado da Madame Desbassayns.
O escravo é identificado por um nome próprio (atribuído pelo seu senhor), «categorizado» segundo o sexo, a idade, a origem étnica, dita «casta» (crioulos, malgaxes, moçambicanos, indianos ou malaios) e o ofício. Por fim, recebe uma classificação de idade, que evolui com os anos .

Excerto da ficha de recenseamento da habitação Desbassayns. Ano de 1824.
Coleção dos Arquivos departamentais da Reunião

Quanto mais a propriedade se alargava, mais o número de escravos aumentava, sobretudo no período de crescimento da propriedade, entre 1770 e 1800, em que houve um aumento de mais do triplo das terras e de quase o quádruplo dos escravos. A partir de 1807 e até ao fim do nosso período, os números estabilizam: uma média de perto de 440 escravos para uma superfície de cerca de 450 ha.

1770 1776 1789 1797 1801 1807 1813 1829 1836 1845
Superfície 190 ? 420 720 270 400 472 469 441 492
N.º escravos 80 254 348 417 250 ? 429 485 462 430 401

II-2 As hierarquias

O senhor domina tudo. Tratava-se, desde logo, de Henri-Paulin Panon Desbassayns e, depois, da mulher, Ombline Desbassayns, que o revezava quando ele se ausentava de Bourbon e que tomou o seu lugar após a sua morte, em 1800. Com mais de 65 anos, ela foi deixando progressivamente tudo nas mãos do filho, Charles-André, que se tornaria administrador dos bens da propriedade por convenção em 24 de maio de 1822.

Charles André dito «Vilmur» Panon Desbassayns (1782-1863). Pintura.
Coleção privada

O senhor é secundado por um (e, depois, mais) administrador(es), cujo papel começou a ganhar relevância a partir de 1800, geralmente, um crioulo de Bourbon ou, por vezes, um colono vindo de França, como Jean-Baptiste de Villèle, recrutado por Madame Desbassayns, entre 1799 e 1803. Em 1836, três administradores geriam cinco propriedades: dois crioulos e um colono de França, Frédéric Mion. Em 1845, Sosthène de Chateauvieux, neto da Madame Desbassayns, e Auguste Bouché, substituíram os dois outros ao lado de Frédéric Mion. Estes três administradores geriam vários «comandantes», todos escravos crioulos escolhidos pela sua lealdade aos senhores, que supervisionavam, eles próprios, bandos de escravos.

No centro dessa linha de comando, atestada pelos recenseamentos anuais e pelo testamento da Madame Desbassayns (1845), a especialização das tarefas dos escravos esboçava os contornos de uma segunda hierarquia: a dos valores.
No topo, os escravos da cubata (casa e pátio) dada a sua proximidade para com os senhores. O trabalho doméstico incluía servir os senhores e cuidar das crianças, tratar da casa e do jardim contíguo, executando as especialidades exigidas: cozinhar, fazer pão, lavar a roupa, engomar e prestar cuidados de enfermagem no parto. Os escravos seguiam muitas vezes os seus senhores da propriedade de Saint-Gilles para as outras (Bernica), a cidade ou, até, em casos excecionais, em viagens (em duas ocasiões, Henri-Paulin foi a França com um ou dois escravos domésticos da sua casa). A sua lealdade era regularmente testada e recompensada. Em 1807, eram doze; em 1823, 19; e, em 1845, oito.

Betzy, crioula, cozinheira… Ann Marie Valencia. 1999. Acrílico.
Coleção Museu Villèle

Abaixo, estavam os artesãos (marceneiro, carpinteiro, pedreiro), os mais úteis na construção e reparação das casas e dos edifícios. Com a indústria do açúcar, o operário especializado ganhou o mesmo valor que o artesão.

O Forno de uma Refinaria. Pormenor de «O Forno de uma Refinaria, Palanquin [Várias personagens]».
Jean-Baptiste Louis Dumas del. [1827-1830]. Aguarela a cores.
Coleção dos Arquivos departamentais da Reunião
A seguir, vinham os guardas (em 1815, 16; em 1823, 20; e em 1845, 35), que deviam evitar roubos não só da parte de estranhos, mas também dos escravos da propriedade. A proteção dos jardins e da horta incumbia muitas vezes às mulheres, ficando o gado e os campos à guarda dos homens.

Jamali Cafre — Guarda. Hippolyte Charles Napoléon Mortier de Trévise del. 1861. Aguarela a cores.
Coleção dos Arquivos departamentais da Reunião

Por fim, na base da hierarquia servil, ficavam os «negros de enxada» ou «negros de cultura», encarregados do trabalho agrícola, que formavam a «oficina», amiúde, agrupados em esquadrões ou «bandos» sob a liderança de um comandante. Em 1807, eram 302; em 1815, 304; em 1836, 310; e em 1845, 297 .

Zélie, crioula, enxada. Ann Marie Valencia. 1999. Acrílico.
Coleção Museu de Villèle

A terceira hierarquia instalada pelo sistema esclavagista tinha origem étnica. O senhor cuidava de misturar os cafres trazidos de Moçambique, os malgaxes da Grande ilha e os já nascidos no local («crioulos») no seio dos bandos para reduzir os sentimentos de solidariedade. Assim se estabeleceu uma hierarquia subtil dominada pelos crioulos cujo número (e cuja percentagem) aumentava (particularmente após a abolição do tráfico) e que os senhores favoreciam.

Composição étnica da população escrava do domínio Desbassayns em 1842. Excerto da ficha de recenseamento da Madame Desbassayns.
Coleção Arquivos departamentais da Reunião

A única missão do escravo era trabalhar sob um permanente regime de disciplina. Os administradores e comandantes faziam reinar a ordem pelo chicote, a arma emblemática que ameaçava os recalcitrantes, a que se juntava todo um arsenal de castigos utilizados consoante a gravidade das «más ações» do escravo, entre as quais, o marronnage (a fuga), que ficava anotada nos recenseamentos.

II-3 No coração do labor: o custo humano do trabalho

O custo humano do trabalho torna-se, desde logo, evidente numa análise da mortalidade: entre 1786 e 1789, era de 3,4 %; de 1807 a 1845, variava entre os 2 % e os 3, 6%, consoante os anos. Esses eram os números médios da região do sotavento, em 1819  , que são inferiores aos da região do barlavento de Bourbon e das Antilhas (5 %). A idade média dos escravos mortos no domínio Desbassayns é de 49 anos para os homens e de 56 anos para as mulheres. Nos campos, contudo, a morte é ainda mais acentuada: 34 anos para os homens e 42 anos para as mulheres. Não vemos essa média descer com a cana-de-açúcar como nas Antilhas; com efeito, a partir de 1815, a taxa de mortalidade média parece diminuir. A nossa hipótese é que, com a abolição da escravatura, se tenha passado a tentar preservar o capital humano e a favorecer os nascimentos.

Certidão de óbito de Charlot, escravo da Madame Desbassayns. 1842. Manuscrito.
Coleção Arquivos departamentais da Reunião

Quanto à doença e à invalidez decorrentes, nomeadamente, dos acidentes laborais, o testamento da Madame Desbassayns de 1845 refere-as sem especificar as causas ou se os escravos são ativos ou não . Essa noção de ativos demonstra claramente que as crianças doentes e inválidas trabalham. É por isso que avaliamos a percentagem de inativos em 5 %, o que corresponde à percentagem de crianças com menos de seis anos e de inválidos de «carta branca». Além disso, a correspondência trocada entre a Madame Desbassayns e os filhos refere o papel de «moço de recados» desempenhado pelos «negrinhos» entre as várias propriedades do domínio, separadas por distâncias de entre 10 km a 25 km.

II-4 Manter o sistema esclavagista a todo o custo (1807-1846)

A questão da alforria talvez nos permita esclarecer o posicionamento da Madame Desbassayns e, em geral, da família, em relação à escravatura. Com efeito, não será um bom indicador da clarividência e da compreensão que os senhores tinham dos novos desafios sociais que surgiram na França depois da Revolução? Recordemos que, entre 1789 e 1793, Bourbon contava com cerca de 8200 brancos, 1000 livres de cor e 38 000 escravos.

Nos anos 1780-1790, Henri-Paulin alforriou dois escravos, Pierre e Apolline (8 de abril de 1783), atribuindo-lhes uma porção de terras e meios de subsistência (segundo as normas em vigor). O anúncio da primeira abolição da escravatura (decreto de 4 de fevereiro de 1794) foi rejeitado pelos notáveis de Bourbon (entre eles, Henri-Paulin). Ao mesmo tempo, a 31 de março de 1794, Julien Gonneau, pai de Ombline, alforriou doze escravos, a quem cedeu um terreno na zona baixa de St-Gilles e 20 escravos no seguimento de negociações aceites pela Assembleia colonial.
A controlar as rédeas do domínio, após a morte do marido, a Madame Desbassayns iniciou um testamento em 1807 com uma proposta de alforria de doze escravos (com os recursos regulamentares, incluindo 20 escravos) — tudo isso, num período de reação extremamente conservadora na Assembleia colonial a que estavam ligados os filhos Joseph e Charles−André e os genros de Villèle. Essa disposição de 1807, porém, seria anulada pelo seu testamento definitivo de 1845. Como podemos explicar essa reviravolta?

Entre essas duas datas, dão-se duas revoltas de escravos no oeste da ilha — a primeira, em Saint-Paul, em 1809, a favor do avanço dos soldados ingleses, que seria travada num banho de sangue pelo ocupante inglês em nome da paz social; a segunda, em St-Leu, a 5 de novembro de 1811, igualmente esmagada com violência, um mês depois. Na causa estavam os maus-tratos e o desejo de liberdade. O medo alastrou-se imediatamente a todos os colonos, que eram uma clara minoria (em 1812, St-Leu contava com 5870 escravos, 427 brancos e 167 livres de cor).
Face a essa nova ameaça, a Madame Desbassayns redobrou os esforços para evangelizar os seus escravos, num ato saudado pelos filhos e que mereceu rasgados elogios do abade Macquet de visita à propriedade em 1840, para o qual se tratava de uma estratégia política: «Na propriedade que acabámos de visitar (a da Madame Desbassayns) […] a família cristã vive a sua fé com todo o fervor. Que espetáculo consolador ofereceria a colónia se todos os colonos assim fizessem evangelizar os seus escravos […] aqui não se temeria a emancipação […]». Em 1845, aos 90 anos, o único bem que deixou em testamento aos seus escravos foi a capela do domínio.

Capela Desbassayns Saint-Gilles. Louis Antoine Roussin. 1854. Litografia.
Coleção Museu Villèle

Lancemos a hipótese de, após a influência «progressista» do pai, a Madame Desbassayns — com o peso dos anos —, ir cedendo, pouco a pouco, às opiniões muito conservadoras dos filhos, Charles-André e Joseph, e do genro, Joseph de Villèle. A alforria deixou de fazer parte das suas escolhas.

III – A propriedade: uma unidade de produção rentável?

III-1 Primeiro, produção de víveres e de café; depois, de cana-de-açúcar

A zona de Saint-Paul é tradicionalmente uma zona de produção de víveres, uma orientação útil dada pela Companhia das Índias, no início do século XVIII, para reabastecer as embarcações a fazer escala em Bourbon e na ilha de França. As únicas culturas comerciais dessa região eram as do café e do algodão ou, até, das especiarias e do índigo. As fichas de recenseamento revelam a importância dos víveres (para consumo próprio e a venda) cultivados entre 1789 e 1845. Na década de 1820, regista-se uma progressiva substituição do milho pela mandioca: mais fácil de cultivar e mais rentável, servia sobretudo para alimentar os escravos.

Em quintais 1789 1807 1813 1823 1836 1845
Milho 3000 2260 6000 6000 5500 1000
Arroz 30 150 100 50
Mandioca 3000 8000 15000

Esse aspeto da produção de víveres no domínio é reforçado pela importância relativa da criação para assegurar o consumo próprio, a venda e as funções de carreto (200 cabritos, 100 porcos e 130 bovinos, em 1789; os números evoluem para 53 cabritos, 90 carneiros, 40 porcos e 130 bovinos, em 1845, aos quais convém juntar 32 mulos).

Quanto às plantas comerciais, atente-se na queda das superfícies destinadas ao café (de 225 ha a 10 ha, entre 1807 e 1845) e ao algodão, substituídos pela cana-de-açúcar a partir de 1818, na propriedade de Bernica (50 ha, em 1823; mais de 200 ha, em 1836; e 150 ha, em 1845), e, depois, na de St-Gilles. O café e o algodão sofreram grandes intempéries (ciclones e secas, nos anos 1806-1807, em particular). A experiência da cultura da cana desenvolvida no leste da ilha por Charles e Joseph Desbassayns é conclusiva: a cana é mais resistente aos ciclones e de grande rendimento. A cada etapa da transformação do domínio, porém, a Madame Desbassayns serviu-se da sua autoridade para conservar uma parte suficiente de víveres nas suas terras.

III-2 Será a propriedade um «modelo» rentável?

A evolução da produção de cana (de 1200 a 4250 quintais, entre 1823 e 1845) foi favorecida pela introdução de técnicas modernas: em 1825, havia dois moinhos de açúcar no domínio, um deles a vapor. Era o estabelecimento mais moderno de Saint-Paul (de 25 refinarias, em 1827, apenas uma era a vapor, a da Madame Desbassayns) e foi designada de «refinaria modelo» para todo o oeste, servindo de lugar de demonstração para os proprietários do Quartier. Ao longo da década de 1830, foi beneficiando de várias inovações técnicas da autoria do engenheiro Wetzell, para melhorar a qualidade e o rendimento do açúcar . Postas a funcionar com o que já existia, as refinarias não produziam inovações sociais — quando muito, levavam à especialização de determinados operários das refinarias cujo estatuto se valorizava. A época não favorecia propriamente a libertação dos «meios de produção»!

Fábrica Desbassayns de Saint-Gilles. In Genealogia e história das famílias PANON-DESBASSAYNS e de VILLÈLE. Cotas: 696AP/1.Fotografia.
Coleção Arquivos nacionais, Acervo Panon-Desbassayns e de Villèle (1689-1973)

Quanto à rentabilidade do domínio, é difícil de estabelecer. Em 1823, o total das produções é de cerca de 250 000 F . A avaliação do custo da manutenção dos 470 escravos desse mesmo ano é de cerca de 50 000 F, ou seja, 20 % do rendimento total; desconhece-se a amortização dos meios de produção e o custo dos insumos. Seria possível estimar os lucros do ano de 1823, na ordem dos 100 e 150 000 F? Ou seja, entre 8 % a 10 % da fortuna total da Madame Desbassayns (1845).
Além da atividade agrícola, porém, outras atividades económicas (comerciais, financeiras…) contribuíram para aumentar a riqueza da família.

IV- A propriedade Desbassayns: um local de influência e poder

IV-1 Uma família afortunada

A fortuna da família Desbassayns constituiu-se, claro está, pelas heranças e a compra de terras (Parte I) e a sua exploração pelos escravos (Parte II), mas não só. Para ela contribuíram também as atividades comerciais e financeiras conduzidas por Henri-Paulin, entre 1770 e 1793, em França, e, depois, pelos filhos, em Londres, Hamburgo e nos Estados Unidos, sobretudo, no período entre a Revolução e a Restauração.

O vasto domínio — que abrange terras e escravos — é sinal de riqueza.
Em 1777, a taxa do Quartier Saint-Paul baseada no número de negros indica que Henri-Paulin Panon Desbassayns era o mais tributado do Quartier (1587 Livres), seguido de Julien Gonneau (1043 Livres). Os donativos patrióticos em género na Revolução deram-lhe a mesma classificação (assim, a de 9 de julho de 1794: 4657 Livres Henri-Paulin e 3966 Livres pelo sogro). Por volta de 1820, o governador Milius diz: «A Madame Desbassayns ocupa o primeiro lugar tanto pelas (suas) virtudes […] como pela sua imensa fortuna. Ela recenseia 448 negros e paga 2537 F de contribuição; é a pessoa mais tributada da colónia» . Todavia, a fortuna da Madame Desbassayns acabaria por perder importância, face a novas fortunas que começavam a surgir. Em 1845, o testamento da Madame Desbassayns avaliava a totalidade dos seus bens em 1 557 080 F, dos quais, nomeadamente, 649 750 F em terrenos e 579 900 F pelos seus 401 escravos (mais de metade dos meios de produção). Na mesma época, 3 % dos parisienses detinham mais de 500 000 F. A fortuna da Madame Desbassayns correspondia aos números mais importantes das fortunas de Lyon, Rouen ou Lille em 1846 .

 

 

IV-2 Um foco de prestígio social

Para Henri-Paulin Panon-Desbassayns e a mulher Ombline, o êxito social exprimia-se por um modo de vida burguês ou, até, aristocrático, assinalado pelas compras que Henri-Paulin fazia nas suas viagens a Paris (dez.1784-junho 1786, depois início 1790-início 1793). O casal recebia na sua enorme residência de Saint-Gilles com grande luxo. O testamento da Madame Desbassayns é preciso nessa questão .
Pela sua abertura ao mundo, iniciada aquando da sua estadia na Índia, Henri Paulin depressa se apercebeu da importância da educação e das redes para a ascensão social duradoura da geração seguinte. Educação em França e nos Estados Unidos para uns, precetores em St-Gilles para outros — tudo seria feito para preparar os descendentes Desbassayns para liderar num mundo em mudança .
A educação, a cultura, a fortuna e a ação das redes facilitavam as alianças matrimoniais que acresciam, pouco a pouco, uma conotação aristocrática à reputação da família. Assim atestam os casamentos, por um lado, das primeiras filhas muito bem dotadas com a família de Villèle da velha nobreza do Lauragais (Mélanie casa com Joseph em abril de 1799; Gertrude casa com Jean-Baptiste em 1803), e, por outro, de um filho, Montbrun, em 1809, com Sophie Fabus de Vernan, da aristocracia de Bordéus. Os outros filhos casaram-se com burgueses muito bem colocados . Foi assim que, em dez anos, de 1797 a 1808, Henri-Paulin e, depois, Ombline, fortaleceram de forma duradoura o estatuto social e o prestígio da família.

Henri-Charles dito «Montbrun» Panon Desbassayns (1772-1851). Anónimo. Óleo em tela.
Coleção privada

IV-3 Um foco de influência política

A habitação Desbassayns (sobretudo St-Gilles, mas também Bernica e St-Paul) foi sempre um foco de influência. O casal Desbassayns e, depois, a Madame Desbassayns, recebiam os administradores e cada governador da ilha (o governador Milius era amigo íntimo), os viajantes (Auguste Billiard), os exploradores (o tenente Frappaz), os intelectuais (Wetzell), os homens das letras ou da Igreja (o abade Macquet) de visita à ilha. As cartas ou os relatos dos visitantes descrevem a importância do domínio, a opulência da casa e das suas receções e a vida quotidiana, salientando a grande hospitalidade da Madame Desbassayns.

Todavia, notam também a influência e o poder político do clã familiar.
Em 1768, Henri-Paulin foi nomeado capitão da milícia de Saint-Paul e promovido a major em 1773, mas eram títulos que mantinha mais pelo prestígio, pois dedicava-se sobretudo às suas terras , e, após 1770, com a sua nova família, a atividades comerciais lucrativas (armamento, negócios). Entretanto, dava sempre provas de interesse ao seu Quartier e à colónia. Ao fazê-lo, constituiu uma rede de notáveis com base no êxito económico, que foi aumentando ao longo do tempo e nas viagens.
De facto, o envolvimento nos assuntos públicos ou políticas da colónia ou da França ficaria essencialmente para os seus filhos e genros.
Foi assim que Julien-Augustin Desbassayns se tornou deputado na primeira Assembleia colonial criada na Revolução em 1791 e que Joseph de Villèle foi eleito deputado de St-Benoit, bastião conservador, em 1799. Em 1815, Henri-Charles ganhou assento no conselho municipal de St-Denis, e Jean-Baptiste de Villèle, no de St-Paul. Eram monarquistas inveterados, partidários da ordem e do sistema esclavagista instituído. Foi na Restauração, sob Luís XVIII e Carlos X, que a influência do clã Desbassayns se fez sentir mais. Philippe Richemont foi nomeado ordenador de Bourbon (antes de se tornar administrador das Índias); Joseph de Villèle, presidente do partido ultraconservador, era ministro das Finanças sob Carlos X, antes de presidir ao último ministério desse reinado durante o qual Philippe — que participou na comissão de preparação da lei orgânica de 21 de agosto de 1825, que regulamentava a nova organização de Bourbon — foi feito «Barão de Richemont».

Philippe Panon Desbassayns de Richemont (1774-1840).
Coleção privada

Na ilha, Jean-Baptiste Pajot tornou-se segundo presidente do Conselho Superior da Colónia, e Charles-André, membro do Conselho Privado do Conselho-geral, presidente da Comissão de Controlo dos Negros do Serviço Colonial. Pela sua proximidade para com os de Villèle, o clã Desbassayns foi construindo, pouco a pouco, uma reputação de ultralegitimistas. Como declara um oponente contemporâneo: «Depois da Restauração […] uma ação levada a cabo pela família Desbassayns aliada à Mr. De Villèle faz pesar a sua funesta influência e um orgulhoso nepotismo sobre a ilha de Bourbon […]» .
Sob a monarquia de Julho, o clã Desbassayns não teve tanto apoio, e nenhum dos seus membros foi eleito nas duas primeiras legislaturas do Conselho Colonial, entre 1830 e 1840. O seu regresso na terceira legislatura (1838-1840) assinalou as suas últimas cartadas. Apegados aos valores do Antigo Regime, Charles e Joseph Desbassayns eram muito criticados por uma parte crescente da população urbana conquistada pelas ideias republicanas. Os novos grandes proprietários açucareiros da zona do barlavento ou do sul da ilha já tinham então adotado os temas da ideologia burguesa, demarcando-se deles e preparando-se para impulsionar o capitalismo açucareiro.

 


 

Este artigo retoma os principais levantamentos de um primeiro trabalho de investigação (mestrado defendido em Paris I, junho de 1977): Barret. D, «Monographie d’une habitation coloniale à Bourbon: la propriété Desbassayns (1770-1846)», atualizado por uma bibliografia recente  e uma consulta parcial do Fonds Panon Desbassayns recentemente colocado nos Arquivos nacionais.

Bibliografia

Este artigo foi redigido a partir do meu mestrado que, em certos aspetos, as quatro obras citadas permitiram atualizar. Tratando-se, porém, de uma bibliografia mais alargada, relativa a este período da história da Reunião, reportamo-nos, nomeadamente, às diferentes obras de Prosper Eve, Sudel Fuma, Hubert Gerbeau, Albert Jauze e Claude Wanquet.

 

Barret Danielle. «Monographie d’une habitation coloniale à Bourbon : la propriété Desbassayns (1770-1846)». Licenciatura defendida em Paris I Sorbonne. Junho de 1977.

Miranville Alexis. «Madame Desbassayns. Le mythe, la légende, l’histoire». Museu histórico Villèle/ Océan Editions. Dezembro de 2015.

Nida Anne-Marie. «Les Panon Desbassayns-de Villèle à Bourbon. Dans l’intimité d’une grande famille créole. 1676-1821». Surya Editions, 2018.

Panon-Desbassayns. «Petit journal des Epoques pour servir à ma Mémoire (1784-1786)». Museu histórico Villèle. 1991.

Wanquet Claude. «Henri-Paulin Panon Desbassayns. Autopsie d’un «gros blanc» réunionnais de la fin du XVIII siècle». Museu histórico Villèle. Fevereiro de 2011

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Notas
[1] 1762 ou 1763, segundo Nida, A-M. «Les Panon Desbassayns-de Villèle à Bourbon. Dans l’intimité d’une grande famille créole.1676-1821». Surya Editions, 2018. P.114
[2] ADR C.808 — Recenseamento de 1761, Henri-Paulin citado como ausente — os seus bens totalizam 260 arpentes ¾
[3] Composto por 150 ha pelos seis terrenos de Saint-Gilles, 145 ha por dois terrenos em Trois-Bassins e Saline e 125 ha pela zona do Bernica
[4] AD 25 C, Série A a H Recenseamento de 1789, ver Barret, D. «Monographie…» p.35
[5] Número calculado a partir da sucessão de Henri-Paulin (incluindo as doações em vida); subsistem algumas zonas escuras
[6] Entre 1772 e 1797, o casal Desbassayns fez nascer 13 filhos, dos quais nove chegam à idade adulta: Julien dito Desbassayns (24 de abril 1771) Henri-Charles dito Montbrun (20 de outubro de 1772), Philippe nomeado Richemont (3 de fevereiro 1774), Marie-Euphrasie (20 de outubro de 1778), Joseph (23 de fevereiro de 1780), Charles-André (28 de outubro de 1782), Mélanie (1 de outubro de 1781), Gertrude (28 de março de 1787), Sophie (9 de novembro de 1788).
[7] Adiantamentos sobre herança
[8] Trata-se de 23 ha em Saint-Gilles para o primogénito Desbassayns, de um terreno no Trou aux Merles para o segundo filho Montbrun, de 30 ha no Bois de Nefles para Philippe Richement, além dos 27 ha doados a cada um deles no Bernica. A 17 de setembro de 1797, ao casar com Jean-Baptiste Pajot, Mimi recebe como dote 27 ha entre a Ravine des Sables e a Ravine à Tabac.
[9] Esses donativos são relativos às propriedades da Saline, de Trois-Bassins, do Trou aux Merles, do Bois de Nèfles e de um terreno ajardinado no Etang Saint-Paul além de uma instalação nessa cidade.
[10] A maioria dos que vivem na ilha instala-se no norte e no leste; só a filha Gertrude, esposa de Jean-Baptiste de Villèle, vive perto dela, em Saint-Gilles, e, depois, em Colimaçons. Os outros filhos mais velhos, Julien Desbassayns, Henri-Charles Montbrun e Philippe Richemont instalam-se pouco a pouco em França, tal como a filha Mélanie, casada com Joseph de Villèle, que regressa em 1807, às suas terras do Lauraguais.
[11] O mapa é aproximado; de baixo para cima, St-Gilles; Bernica; St-Paul: dois terrenos de instalação e um triângulo de terras ajardinadas
[12] Um primeiro escravo vendido em Bourbon, em 1687
[13] O escravo é um «móvel» sem responsabilidade civil, mas responsável penalmente, punido com severidade por roubo, morte ou fuga. O código atribui-lhe uma ligeira proteção: roupa e ração alimentar obrigatórias, domingo de folga, direito a casar e a não ser separado do cônjuge por venda (mas esta regra não é respeitada)
[14] Ler: https://www.portail-esclavage-reunion.fr/documentaires/abolition-de-l-esclavage/l-abolition-de-l-esclavage-a-la-reunion/la-premiere-abolition-de-lesclavage-par-la-france-et-sa-non-application-a-la-reunion/
[15] Em 1784: «Negros de 15 a 55 anos; negrinhos de menos de 14 anos; negros inválidos de mais de 56 anos; negras de 13 a 40 anos, negrinhas de 12 anos ou menos; negras inválidas de 41 anos ou mais»; 1809 «Negros de 15 anos ou mais; negras de 15 anos ou mais; negrinhos de 14 anos ou menos; negrinhas de 14 anos ou menos»; 1829: «Negros com menos de 14 anos; negras com menos de 14 anos; negros entre 14 e 60 anos; negras entre 14 e 60 anos; negros com mais de 60 anos; negras com mais de 60 anos».
[16] Ou seja, cerca de 40 % dos escravos e de 60 % dos ativos (devendo este número ser majorado, porque o testamento de 1845 acentua as especialidades em detrimento do trabalho agrícola para aumentar o valor do escravo)
[17] Carta do proprietário Parmentier ao Barão Milius, governador — ANSOM Reunião C 515 d 5990
[18] Doze inválidos (sete homens, cinco mulheres mas oito ainda ativos), doze inválidos (seis homens, seis mulheres com oito ativos), três doentes (ativos), dois coxos e três fracos (ativos), um com uma perna gorda e dois de «carta branca» por velhice extrema (inativos), num total de 11,4 % dos ativos, os dois inativos só contando 0,5 %.
[19] Abade Macquet «Six années à l’île Bourbon» Tours. A. Cattier. 1892
[20] Consultar o artigo de X Le Terrier https://www.portail-esclavage-reunion.fr/pt-pt/documentaires/uma-sociedade-de-plantacao/a-refinaria-de-acucar/
[21] O franco instituído a 7/04/1795; igual a 2 Livres 3 Deniers; um franco de 1830 vale cerca de 2,20 €
[22] ANSOM Reunião C462, d5235
[23] Daumard, Adeline. Citada por Barret.D, « Monographie d’une habitation coloniale.. ». p133
[24] Ler: https://www.portail-esclavage-reunion.fr/pt-pt/documentaires/a-propriedade-desbassayns/estilo-de-vida-vida-social/
[25] Consultar: https://www.portail-esclavage-reunion.fr/pt-pt/documentaires/a-propriedade-desbassayns/a-familia-desbassayns/retrato-de-henri-paulin-panon-desbassayns/
[26] (Jacques Antoine Mourgue, pai de Eglée, casada com Philippe «Richemont» (18 de junho de 1799), tornou-se ministro do Interior de Luís XVI, em 1792; Marie-Euphrasie e Sophie, casam com Jean-Baptiste Pajot (17 de setembro de 1797) e Auguste Pajot (1803), respetivamente, grandes notáveis bem conhecidos em Bourbon, enquanto Joseph casa com Elisabeth Pajot, em 1808. No mesmo ano, Charles casa com a filha de uma família de plantadores abastados da ilha de França, Louise Labauve d’Arifat.
[27] O seu livro-razão saiu em 1763
[28] Roques «La vie politique à Bourbon 1815-1845. Les institutions et les hommes». 1972. Aix en Provence
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A propriedade DesbassaynsHistória da propriedade
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Autor
Danielle BARRET

Historiadora