O tráfico de escravos

A origem dos escravos de Bourbon

O Tráfico dos escravos malgaxes em Bourbon
Autor
Rafaël THIEBAUT

Historiador


O Tráfico dos escravos malgaxes em Bourbon

As ilhas de Bourbon e Madagáscar estiveram ligadas desde o aparecimento dos franceses no Oceano Índico. Com efeito, 20 anos após a tomada de posse do Fort Dauphin, em 1643, os franceses instalaram-se em Bourbon — o refúgio de quem escapara ao massacre da colónia francesa do Fort Dauphin, em 1674 .

A ilha permaneceu bastante isolada, apenas esporadicamente visitada por flibusteiros que, instalados em Madagáscar traziam amiúde escravos em números avultados. Para combater as suas pilhagens, Luís XIV concedeu-lhes uma amnistia em Bourbon e, ao mesmo tempo, proibiu todo o comércio com os piratas . Robert Bousquet contava com 423 escravos batizados, entre 1696 e 1718, a maioria dos quais trazida pelos piratas de Madagáscar .

Mapa da ilha de Madagáscar, também chamada Madecasse e S. Laurens, atualmente, ilha Dauphine com [sic] as Costas de Sofala e de Moçambique em África. Pierre Duval, geógrafo 1666. Gravura.
Coleção Arquivos Departamentais da Reunião

A história do tráfico de escravos

A história do tráfico francês propriamente dito em Bourbon só começa a partir da década de 1710, primeiro, com a introdução do café e, depois, em 1715, quando os franceses recuperam as Maurícias, abandonadas pelos neerlandeses cinco anos antes.

 

A cultura do café na ilha de Bourbon. Jean Joseph Patu de Rosemont. C. 1800. Aguarela.
Coleção Museu do Quai Branly

Com vista a assegurar mão-de-obra para as plantações de café, foi enviada uma expedição negreira em 1718 — o Courrier de Bourbon introduziu 46 escravos malgaxes . No ano seguinte, a Companhia das Índias foi refundada, dando lugar a uma troca regular entre a Grande Ilha e as Mascarenhas. Entre 1725 e 1735, Robert Bousquet estima que 4123 escravos malgaxes tenham sido importados, o que representa pouco mais de 400 por ano, ou seja, dois terços do número total dos escravos introduzidos . Então, Bourbon recebeu a maior parte dos escravos até à chegada de La Bourdonnais.

Número de expedições marítimas de Madagáscar em Bourbon (1721-1736)

A partir de 1735, as atividades marítimas foram sendo cada vez mais transferidas para a Île de France, e Bourbon viu-se cada vez mais subordinada a Port-Louis. Os documentos arquivísticos tornaram-se mais raros, e faltam-nos dados para este período até à década de 1760, mas isso não quer dizer que Bourbon tenha deixado de receber escravos — pelo contrário, a população servil tornou-se mais importante do que na Île de France até ao início do século XIX.
A falência da Companhia, em 1767, tornou o comércio marítimo no Oceano Índico livre para todos os cidadãos franceses, o que favoreceria um tráfico dominado pelos mercadores privados. Evidentemente que Port-Louis dominava as trocas marítimas, e a inexistência das «declarações de chegada» para Saint-Denis ou Saint-Paul acentuava essa oposição. Durante grande parte do século XVIII, a ilha Bourbon, onde se tinham instalado muito poucos negociantes, encontrava-se então numa situação de dependência em relação à Île de France . No entanto, encontrámos 180 expedições de Bourbon, que decorreram, na sua maioria, antes de 1735 ou depois de 1767, e metade no início do século XIX . Repare-se igualmente que um mesmo número, mas provavelmente mais, de expedições vindas de Madagáscar chegaram a Port-Louis após ter ancorado em Bourbon .

É, então, possível que tenham embarcado e desembarcado aí alguns escravos. Com efeito, tal como Baker e Corne, parece-nos muito difícil determinar em que ilha os cativos foram desembarcados, sem falar da cabotagem em escravos entre Bourbon e a Île de France . Há que não esquecer também o facto de Bourbon ter sido um posto de reabastecimento na rota de Madagáscar.

 

 

 

 

Número de expedições marítimas entre Madagáscar e Bourbon (1767-1810)

Após a Revolução, a relação com a pátria encrespou-se, sobretudo devido à abolição da escravatura pela Assembleia Nacional em 1794. As Mascarenhas tornaram-se quase independentes, regidas pelas suas próprias assembleias coloniais. Apesar de a escravatura não ter sido abolida, as mudanças fizeram-se sentir. Entretanto, o tráfico de escravos foi abolido por decreto da Assembleia Colonial da Île de France . Essa proibição parece não ter sido sempre respeitada, apesar de se ter conhecimento de várias condenações por introdução ilícita. Os escravos desembarcados por Martineau com o Jean Bart foram devolvidos a Madagáscar  — no entanto, foram introduzidos muitos, como foi o caso do desembarque ilícito de centenas de cativos malgaxes na Reunião em outubro de 1796.

A primeira década do século XIX ficou marcada por uma continuidade nas interações com Madagáscar. Observamos igualmente vários acontecimentos importantes, como a renovação das ligações com a metrópole, trazida pela reinstituição da escravatura por Bonaparte, em 1802, e a chegada do capitão-geral Decaen às Mascarenhas no ano seguinte. A crescente ameaça dos corsários leva a que a ilha de Bonaparte caia nas mãos dos Ingleses em julho de 1810.

As particularidades do tráfico

O tráfico de escravos em Madagáscar é diferente do comércio transatlântico e, até, do tráfico com a África Oriental por diversas razões. Em primeiro lugar, as expedições para a Grande ilha levavam não só escravos, mas também víveres. Allen sublinhou a diversidade dos carregamentos, e Toussaint, a importância dos vegetais e animais (carregamentos 341 e 181, respetivamente) . Os navios de mercadorias transportavam, então, indiferentemente, cativos, bovinos e arroz, o que limitava o espaço reservado aos escravos.

 

Interior de um navio negreiro. Lasteryrie, Charles Philibert. 1759. Litografia. In Faits relatifs à la traite des Noirs, Impr. de Crapelet, 1826.
Coleção Arquivos departamentais da Reunião

Com efeito, será igualmente preciso ter em conta os carregamentos mistos que existiam tanto em Madagáscar como por todo o Oceano Índico  . Além disso, mesmo que fosse considerada o celeiro das Mascarenhas, Bourbon nunca estaria a salvo da penúria, dada a sua vulnerabilidade a pragas de gafanhotos, ciclones e secas . Aliás, as ilhas encontravam-se continuamente em situação de penúria, sendo-lhes essencial receber um afluxo regular de víveres para evitar a fome . O papel da Grande ilha como reservatório de arroz e bovinos permanecia primordial, podendo ser fonte de vários milhares de bovinos e centenas de libras de arroz por ano.

As autoridades de Bourbon também organizavam e encorajavam expedições para obter arroz e bovinos, nomeadamente, a partir da década de 1790 . A Assembleia Colonial da Reunião chegou mesmo a instalar lá o seu próprio agente para supervisionar as suas relações comerciais e entrou em concorrência com a Île de France . Em 1794, por exemplo, registou-se que o armador Martineau vendeu o Jean Bart ao negociante Dancla, que desejava rumar a Madagáscar, para aprovisionar a ilha de arroz e outros bens essenciais   e que regressou de lá com 72 negros provenientes de tráfico .

 

Estado das embarcações ancoradas em St. Denis e St. Paul
entre 01 de abril de 1807 e 31 de março de 1808

Navio Capitão Local Chegada Carregamento
Action Bouton Tamatave 04-05-1807 1175 sacos de arroz e 68 escravos
Grappler Ripaud Fort Dauphin 10-06-1807 1074 sacos de arroz
Marie Jeanne Mamet Foulpointe 11-06-1807 Mercadorias diversas
Charlotte Macquet Madagáscar 07-06-1807 160 000 arroz e 9 negros novos
Lucie La Vigne Madagáscar 22-06-1807 16 vedelles, negros e 100 sacos de arroz
Grappler Ripaud Madagáscar 10-08-1807 Arroz e negros
Union Oxnard Madagáscar 21-08-1807 Arroz e negros
Marie Jeanne Mamet Madagáscar 24-08-1807 Arroz, tartarugas e negros
Créole Nepveu Madagáscar 09-07-1807 Arroz, milho e negros
Eugénie Barbarin Madagáscar 19-07-1807 120 000 arroz e 23 negros
Caroline Gueuzenec Madagáscar 19-07-1807 1100 sacos de arroz e 196 negros
Lucie Deschamps Lami Foulpointe 05-08-1807 100 negros e 80 sacos de arroz
Minerve Couacoud Madagáscar 30-08-1807 300 sacos de arroz e 120 negros
Providence Dupuis Madagáscar 30-08-1807 42 vedelles, 600 000 arroz e 120 negros
Union Fournier Madagáscar 06-09-1807 3777 sacos de arroz e 47 negros
Union Oxnard Madagáscar 18-09-1807 3500 sacos de arroz e 47 negros
Lucie Le Poigneur Madagáscar 23-09-1807 1500 sacos de arroz e 16 negros
Caroline Gueuzenec Madagáscar 17-01-1808 3190 sacos de arroz, 6 negros e 3 arrebéns
 

Malouin

Gérois Madagáscar 17-02-1808 17 negros, arroz, cordames, cobre e fio de carreto
Jeune Claire L’Hermitte Madagáscar 04-02-1808 1050 sacos de arroz e negros
Lucie Le Poigneur Madagáscar 23-10-1807 Arroz e negros
Providence Dupuy Foulpointe 28-10-1807 Arroz e negros
Caroline Gueuzenec Tamatave 11-12-1807 Arroz
Louis Bury Madagáscar 15-10-1807 900 sacos de arroz e 59 negros
Amitié Pinot Madagáscar 20-10-1807 166 bovinos, 400 sacos de arroz e 14 negros
Union Oxnard Foulpointe 19-11-1807 600 sacos, 58 negros e 12 quartos de salgas
Amitié Pinot Foulpointe 25-11-1807 6670 sacos de arroz, 17 negros e 25 bovinos
Marie Jeanne Gontier Madagáscar 01-12-1807 5000 tartarugas, 26 negros, 10 000 arroz e 2000 fios de carreto
Jeune Claire Boudet Tamatave 10-12-1807 400 sacos de arroz, 20 negros e 1 quarto de salga
Union Oxnard Foulpointe 11-12-1807 3000 sacos de arroz e 7 negros
Lucie Le Poigneur Tamatave 11-12-1807 900 sacos de arroz e 20 quartos de salgas
Union Cousinery Madagáscar 20-12-1807 15 negros, 450 tartarugas, 1 bovino, 6 cabritos e 300 tábuas

Fonte: «Anónimo», État des bâtiments entrés dans les rades de Saint-Denis et Saint-Paul, 01-04-1807 a 31-03-1808.
ANOM, COL, C3/27, f. 290.

Na tabela acima, vemos bem como o comércio de escravos em Madagáscar estava interligado com o comércio de víveres da Reunião. Trinta e dois navios de Madagáscar levavam pelo menos 885 negros, além de 29 716 sacos com 890 000 libras de arroz. O número de escravos por expedição pode, então, ser bastante limitado: constatamos uma média de 44 nas expedições que decorrem de 1807 a 1808, mas a diferença entre os navios é grande: 79 escravos no Union e nove no Princesse Charlotte.
Outra particularidade do tráfico de escravos em Madagáscar é a fraude,  e são várias as razões que a explicam. Desde logo, a rapidez com que se conseguia fazer uma expedição a Madagáscar favorecia a fraude. Depois, os lucros eram significativos: um escravo era vendido com uma margem de lucro de 200 % na Reunião e uma viagem poderia render
6000 libras . Em 1756, Magon explica que, de 1500 escravos introduzidos na Île de France nos três anos anteriores, apenas cem tinham sido desembarcados legalmente, «os demais em fraude, nos navios da Companhia, que só receberam da sua parte um número muito reduzido de escravos, alguns animais e um pouco de arroz  ».

A rapidez da infame passagem do meio; uma a duas semanas para Madagáscar, contra três a seis meses no tráfico transatlântico não diminui forçosamente a mortalidade. Em quinze expedições, verificámos uma taxa de 8 %, contra uma taxa de 12 % a 15 % no tráfico transatlântico . Essa taxa bastante elevada poderá ser explicada incidência do paludismo no litoral malgaxe que afetava os cativos malgaxes trazidos do interior das terras. Por outro lado, a língua comum malgaxe teria provavelmente aumentado a vontade dos servis malgaxes de oferecer resistência armada nos navios negreiros, com 24 revoltas comprovadas e uma taxa que poderá ser o dobro do tráfico transatlântico .

 

 

Essa taxa bastante elevada poderá ser explicada pela O último quartel do século XVIIII também assistiu ao desenvolvimento de um outro fenómeno: o trânsito dos cativos do oriente africano via Madagáscar para as Mascarenhas . Até aí, os escravos comprados em Madagáscar eram praticamente todos oriundos da Grande ilha, mas esta não poderia satisfazer a grande procura da parte dos franceses das Mascarenhas. Vemos então que os chelingues mouros ou árabes de Kilwa e de Zanzibar começavam a introduzir «cafres» na costa noroeste de Madagáscar: «vendem-nos aos naturais que os põem a trabalhar a terra  ». Os escravos do oriente africano eram depois vendidos aos mercadores franceses para serem levados para as Mascarenhas .
Esse número poderia ser muito importante, mas é difícil distinguir os malgaxes dos «moçambicanos» .

Captura de uma embarcação negreira na costa ocidental de Madagáscar. M. H.-J. Ray. [1857-1938]. Gravura.
Coleção Museu Villèle. Fundo Michel Polényk

A situação em Bourbon

Até 1810, o número de escravos não parou de aumentar. Nessa altura, verificava-se igualmente uma grande agitação contra a elite colonial, dando azo a evasões de escravos. — um problema particularmente persistente em Bourbon com o seu interior montanhoso . Grupos de foragidos nas montanhas organizavam-se para fazer «descidas» sobre as plantações. Entre 1732 e 1767, Bousquet enumera mais de 40 descidas sobre propriedades coloniais  — e há que não esquecer a revolta de Saint-Leu, em 1811, que mobilizou 500 escravos, 15 % dos quais, malgaxes .

 

 

 

Número de escravos nas Mascarenhas (1725-1809)

Ano Bourbon Ile de France Totais
1725 2 076 (98%) 34 2 110
1731 4 471 (87%) 681 5 152
1735 6 889 (88%) 940 7 829
1741 9 221 (78%) 2 571 11 792
1749 12 184 (71%) 4 951 17 135
1761 15 000 (54%) 12 786 27 786
1767 21 047 (54%) 18 100 39 147
1776 26 175 (52%) 25 154 51 329
1788 37 263 (50%) 37 915 75 178
1804 50 350 (47%) 55 893 106 243
1809 52 141 (48%) 55 422 107 563

 

A reputação particularmente negativa atribuída aos malgaxes nem sempre se justificava. No fim do regime da Companhia das Índias, as Mascarenhas contavam com um número importante de escravos malgaxes: «é uma raça muito reles», e o risco de evasão marítima é muito elevado  ». A maioria das tentativas falhava, e chegavam anualmente a Bourbon pirogas com escravos vindos da Île de France à procura da Grande ilha .

 

Pequenos cartazes da ilha da Reunião. Sábado 24 de maio de 1806. Impressão.
Coleção Arquivos Departamentais da Reunião

Os números

O saldo naturalmente negativo da população servil de Bourbon leva à necessidade de um influxo regular de escravos para alimentar as fileiras . É claro que há que ter em conta a chegada de escravos de outras regiões, como a África Oriental, a Índia e não só. A Índia fornecia cativos desde 1672 — os primeiros 18 chegaram a Bourbon em 1707, de Pondicheri, trazidos pela Companhia . Após a importância de Madagáscar, contudo, entre 1730 e 1770, a África Oriental ganhou destaque. Como sublinha  Wanquet, é difícil apurar o número de escravos importados para Bourbon .

 

Sabemos que, em 1735, tal como regista Prosper Eve, os escravos malgaxes perfaziam três quartos dos escravos importados para Bourbon e que, 30 anos depois, dois terços . No recenseamento de 1809, encontramos 11 580 malgaxes em Bourbon, num total de 52 141 escravos, ou seja, 22,2 % . Quererá isso dizer, então, que o comércio de escravos diminuiu no tempo? Não, mas significa que é distintamente diferente do tráfico de escravos «clássico» realizado no comércio triangular ou na costa oriental da África. Com 1771 expedições negreiras para as Mascarenhas, porém, o número de escravos traficados, mesmo tratando-se de um punhado por navio, poderia ser importante.

Será difícil dar o número preciso de escravos malgaxes que teriam sido introduzidos na ilha de Bourbon nesse período. Pensamos que o número de escravos malgaxes embarcados na Grande ilha para o conjunto das ilhas Mascarenhas se situará algures entre os 137 289 e os 201 864. Esse número engloba a mortalidade (8 %) e a fraude extensiva (estimada entre 10 % e 50 %). É provável que metade desses escravos, entre 68 645 e 100 932, tivessem como destino a ilha de Bourbon.

Conclusão

As relações comerciais com Madagáscar foram instituídas desde a colonização de Bourbon por colonos franceses do Fort Dauphin. Embora se tenham iniciado 1648, o tráfico francês só começou verdadeiramente após 1718 e durou mais ou menos até 1810, continuando a ser praticado mais algumas décadas ilegalmente . Vimos que o tráfico dos escravos malgaxes em Bourbon se caracterizava por dois elementos. Em primeiro lugar, o tráfico legal estava fortemente ligado às atividades marítimas da Île de France: com efeito, o tráfico legal e o tráfico ilegal eram praticamente indissociáveis. Em segundo lugar, os carregamentos mistos tornavam o comércio com Madagáscar único: as expedições transportavam víveres e escravos.

Notas
[1] Jean-François Barassin, Naissance d’une chrétienté : Bourbon des origines jusqu’en 1714, Saint Denis, Impr. Cazal, 1953, 448 p. (18-42).
[2] Pier M. Larson, « Colonies Lost: God, Hunger, and Conflict in Anosy (Madagascar) to 1674 », Comparative Studies of South Asia, Africa and the Middle East, 27 (2), 2007, p. 345-366.
[3] Arne Bialuschewski, « Pirates, slavers, and the indigenous population in Madagascar, c. 1690-1715 », International Journal of African Historical Studies, 38 (3), 2005, p. 401-425 (415-416).
[4] Luís XIV, Ordonnance, s.l., 15 de janeiro de 1711. Pallas, Mémoire, s.l., 02 de abril de 1726. Arquivos Nacionais do Ultramar (ANOM), Colónias (COL), C2/17, f. 99-101; C3/31, p. 1; Desminières-Montreuil, Demande, s.l., 1716; Burke, Mémoire, s.l., 1724. Arquivos Nacionais (AN), Marinha (MAR), B1/4, f. 56; B3/295, f. 47; Grossier, Mémoire sur Madagascar, s.d. s.l. Arquivos do Ministério dos Negócios Estrangeiros (AMAE), 8MD3, f. 217-234. Em 1711, 29 em cada 109 chefes de família em Bourbon tinham sido flibusteiros, Haudrère, 2005, II, 656.
[5] BOUSQUET, Robert, 2011 Les esclaves et leurs maîtres à Bourbon, au temps de la Compagnie des Indes, 1665-1767, http://www.reunion-esclavage-traite-noirs-neg-marron.com/, consultado a 05 de maio de 2014, I, 70-80 e 101; Journal de Bourbon, 18 de setembro de 1705. Public Library of New York, 1909.
[6] Relatório de Dufour ao Conselho de Bourbon, 4 de fevereiro de 1719. Arquivos do departamento da Reunião (ADLR), C⁰ 1386bis.
[7] Bousquet, 2011, I, 153.
[8] Henri Prentout, 1901, L’île de France sous Decaen, Paris, Hachette, 295 ; Auguste Toussaint, 1969, Le mirage des îles. Le négoce français aux Mascareignes aux XVIIIe siècle suivi de la correspondance du négociant lyonnais Jean-Baptiste PIPON, Aix-en-Provence, EDISUD, 22.
[9] Wanquet regista na Reunião, entre julho de 1795 e junho de 1796 a chegada de navios provenientes de Madagáscar. Claude Wanquet, Histoire d’une Révolution : La Réunion 1789-1803, vol. II, Jeanne Lafitte, Marselha 1982, 404.
[10] Ver, por exemplo, a declaração de chegada do Félix, Port Nord-Ouest, 24 de brumário do ano de XIII (15 de novembro de 1804). Mauritius National Archives (MNA), GB/26, #327.
[11] BAKER, Philip e Chris Borne, Isle de France Creole: affinities and origins, Karoma, Ann Arbor 1982, 187 -192; Wanquet, 1980, I, 48. Em dois meses, 203 escravos foram enviados de Bourbon para a Île de France. «Anónimo», État des noirs envoyés à l’île de France du 27.09 au 27.11.1781, s.d. s.l. ADLR, 17C, s.f.
[12] Carta ao Comité de Segurança Pública, s.l. 14 de pluvioso do ano III (02 de fevereiro de 1795). MNA, D/63, s.f.; Secretaria do Tribunal Supremo da Île de France, Décret, Port-Louis, 7.º dia do 2.º mês do ano III. T. Bonnefoy, Table générale alphabétique et analytique pour servir aux recherches à faire au greffe de la Cour suprême de l’île Maurice (1722-1850), L. Channell, Maurícias 1853; Wanquet, 1982, II, 342-344.
[13] Wanquet, 1982, II, 332 & 342-343.
[14] Carta do Comité de Segurança Pública, s.l. 26 de vendemiário do ano V (17 de outubro de 1796). ADLR, L/63, s.f.
[15] Richard B. Allen, 2008, « The constant demand of the French: The Mascarene Slave Trade and the World of the Indian Ocean and Atlantic during the Eighteenth and Nineteenth Centuries », Journal of African History, 49 (1), p. 43-73: 64; 64 ; Auguste Toussaint, 1967, La route des Iles : contribution à l’histoire maritime des Mascareignes, Paris, S.E.V.P.E.N., 492 ; Gilbert Ratsivalaka, 1995, Madagascar dans le sud-ouest de l’océan Indien (circa 1500-1824) pour une rélecture de l’histoire de Madagascar, thèse de doctorat, 2 vol., Université de Nice, I, 393-395.
[16] Richard B. Allen, 2015, European Slave trading in the Indian Ocean, 1500-1850, Athens, Ohio University Press. 14 ; Jane L. Hooper & David Eltis, 2013,
[17] Prosper Ève, 1992, Ile à peur. La peur redoutée ou récupérée à la Réunion des origines à nos jours, Saint-André, Océan Éditions, 161 ; Richard B. Allen, 2006, « The Mascarene Slave-Trade and Labour Migration in the Indian Ocean during the Eighteenth and Nineteenth Centuries » in G. Campbell (dir.), The Structure of Slavery in Indian Ocean, Africa and Asia, New York, Frank Cass Publishers, p. 33-50: 37 ; Robert R. Kuczynski, 1949, Demographic Survey of the British Colonial Empire, 3 vol., Londres, Oxford University Press, 873.
[18] Rafaël Thiebaut, 2017, « An informal French-Dutch Alliance: Trade and Diplomacy between the Cape Colony and the Mascarenes, 1719-1769 », Journal of Indian Ocean World Studies, vol. 1.
[19] Wanquet, 1982, II, 31 ; 274 & 282.
[20] Wanquet, 1982, II, 291-295.
[21] Carta de Roubaud e Chanvalon, St. Denis, 07 de agosto de 1794. ADLR, L/87, s.f.
[22] Martineau, Declaração do Jean Bart, s.l. 15 de pluvioso do ano III. ADLR, L/330, s.f.
[23] Carta de La Motte, Île de France, 01 de abril de 1754. Revue historique et littéraire de l’île Maurice, 5 (20), 18 de outubro de 1891, 231-235 ; Carta de Rose a Courtoys, Île de France, 01 de setembro de 1753. Béatrice de Boisanger e Bernard de La Bourdonnaye-Blossac, Fortune des Isles. Lettres et souvenirs de l’Isle de France. La Découvrance, La Rochelle 2008, 45-53.
[24] Carta de Magon aos Diretores, Île de France, 07 de janeiro de 1756. ANOM, COL, C4/9, s.f.
[25] David Eltis & David Richardson, 2010, Atlas of the Transatlantic Slave Trade, New Haven, Yale University Press, 175.
[26] Thiebaut 2020.
[27] Carta de Benyowsky a Des Assises, s.l. 28 de novembro de 1774; «Anónimo», Inventaire général des vivres, munitions et autres effets de traite, existant dans les magasins du Roi a Foulpointe, s.l. 04 de junho de 1779. ANOM, COL, C5A/5, p. 20 e 154; Mayeur, Mémoire commercial, politique et historique, Flacq, 01 de novembro de 1807. Bibliothèque municipale de Caen (BMC), fonds Decaen/101, f. 33-38.
[28] «Anónimo», Mémoire sur Madagascar, s.d. s.l. British Library (BL), Additional Manuscripts (AM)/18126, f. 30.
[29] Carta de Roux a Decaen, Tamatave, 20 de julho de 1808. BMC, Decaen/102, f. 235-238; «Anónimo», Etat des noirs et négresses appartenant au roi, qui ont été envoyés à Madagascar, s.l., 23 de agosto de 1774. ANOM, COL, C5A/4, p. 83. Benyowsky, Administration de l’établissement de Madagascar, Antongil, 23 de setembro de 1776. AN, M/1031, s.f.
[30] Nas Mascarenhas, a casta de Moçambique abrangia pelo menos 13 etnias diferentes. Gwyn Campbell, «The African-Asian Diaspora: Myth or Reality?» in Angenot, J.-P. e S. de Silva Jayasuriya (dir.), Uncovering the history of Africans in Asia. Brill, Leyde 2008, p. 37-56. Por exemplo: Declaração de chegada do Caroline, Port Napoléon, 2 de agosto de 1807. MNA, GB/26, #877.
[31] Wanquet, 1984, III, 117-121.
[32] Bousquet, 2011, III, 482.
[33] Sudel Fuma, 1811, La révolte des oreilles coupées ou L'insurrection des esclaves de Saint-Leu en 1811 à Bourbon, île de la Réunion, Saint-Denis-de-La-Réunion, Historun, 251.
[34] Journal de Magon, 4 de maio de 1756. ANOM, COL, C4/9.
[35] Por exemplo: carta do Conselho de Bourbon ao Conselho da Île de France, Saint-Denis, 16 de dezembro de 1764. ADLR, C⁰/644.
[36] Em 1806, a mortalidade excedeu a natalidade entre os escravos com 2552 mortos, mas as perdas foram compensadas com a introdução de 3457 cativos afromalgaxes, ou seja, um aumento de 903 escravos. Carta de Marchand aos administradores, s.l., 03 de novembro de 1808. ANOM, COL, C3/28, p. 44.
[37] Prosper Ève, 2010, « Les Indiens à Bourbon au temps de l’esclavage ou l’Histoire d’une dissonance » in S. Fuma & S. Pannirselvame (dir.), Diaspora indienne dans l’histoire des îles et pays de l’océan Indien, Saint-Denis, Université de la Réunion, p. 35-65 : 36 ; Bousquet, 2011, I, 75-76 & 343 .
[38] Wanquet, 1980, I, 48.
[39] Prosper Ève, 2000, « Les esclaves de Bourbon à l’œuvre », Revue des Mascareignes, 2, p. 41-62 : 42.
[40] Recenseamento de janeiro 1809, s.d. s.l. ANOM, COL, C3/29, p. 94.
[41] Hubert Gerbeau, 2002, « L’Océan Indien n’est pas l’Atlantique. La traite illégale à Bourbon au XIXe siècle », Revue française d’histoire d’outre-mer, 89 (336-337), p. 79-108.
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O tráfico de escravosA origem dos escravos de Bourbon
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Autor
Rafaël THIEBAUT

Historiador